A otite média

A otite média aguda é a infecção do ouvido médio causada por bactérias ou vírus que entram até ao espaço aéreo do ouvido médio a partir da garganta e do nariz, através da Trompa de Eustáquio. Uma vez aí, começam a multiplicar-se produzindo uma acumulação de muco e pus que aumenta a pressão no interior do ouvido e distende o tímpano, que aparece abaulado e vermelho quando o pediatra o observa com o otoscópio. Esta pressão ou inflamação é o que causa dor à criança.

Praticamente metade das crianças sofrem de alguma infecção de ouvidos durante o primeiro ano de vida. Muitas serão propensas a ter recorrências, particularmente aquelas cujos pais ou irmãos tenham tido o mesmo problema durante a infância. As infecções de ouvidos são também 4 ou 5 vezes mais frequentes nas crianças que vão para os infantários muito pequenas, nas que têm problemas alérgicos e naquelas cujos pais fumam em casa. Muitas infecções de ouvidos são normalmente acompanhadas das constipações do nariz e da garganta, ou acontecem depois, pelo que são mais frequentes durante o Inverno.

A DOENÇA A dor é o sintoma mais comum das infecções do ouvido médio. Em alguns casos, é muito leve, enquanto noutros pode ser muito aguda e provocar um choro contínuo na criança. Em lactantes pequenos, pode provocar uma intranquilidade especial: o estar “mais pesado” ou “uma recusa esquisita do biberão” (ao engolir, o ouvido mexe-se e dói), as dificuldades para dormir ou o choro nocturno (o ouvido dói mais quando o bebé está deitado, já que a pressão no interior do ouvido aumenta na posição horizontal) podem ser consequências da otite média. As crianças maiores costumam descrevê-la exprimindo a sensação de terem "o ouvido tapado" ou de “ouvirem menos”. Também pode haver sintomas de constipação: mucosidade ou obstrução nasal, tosse, olhos vermelhos e dor de garganta. Só um terço das crianças com otite é que também apresentam febre, e os lactantes e as crianças pequenas podem tê-la mais alta do que as crianças mais crescidas.

Por vezes, quando a pressão no interior do ouvido é muito grande, dá-se uma ruptura do tímpano (semelhante ao que acontece com os pontinhos de pus), e o pus, o sangue e a mucosidade são expulsos em direcção ao canal auditivo externo, pelo que você verá sair tudo pela orelha. Não deve confundir esta secreção com a secreção de cera, mais espessa e de cor ocre, e que só sai sob a forma líquida em raras ocasiões. A ruptura do tímpano e a secreção que se cria não é motivo de preocupação nem de alarme, apesar de poder parecer aparatoso. Pelo contrário, por vezes isto acelerará a cura do processo e o tímpano fechará outra vez por si só em 2 ou 3 dias. O médico provavelmente dir-lhe-á para voltar ao consultório no espaço de 10-15 dias para comprovar se, após o tratamento, já está tudo curado. Actualmente, e com os novos antibióticos de que se dispõe, é muito raro as otites repetidas chegarem a provocar surdez ou problemas de ouvidos graves nas crianças.

SINTOMAS

Se o seu filho lhe descrever uma dor de ouvidos semelhante à mencionada, deverá levá-lo ao médico. Se for muito pequeno e chorar insistentemente, pode experimentar exercer uma ligeira pressão com o dedo no seu ouvido. O aumento do choro ou a irritabilidade durante este pequeno teste podem indicar otites. Também deverá ir ao pediatra se a criança tiver febre, vómitos, diarreia, uma constipação que não passa ou uma dor de cabeça persistente. No entanto, saiba que, por vezes, as otites provocam poucos sintomas e o médico pode descobri-los ao examinar sistematicamente o ouvido da criança durante uma revisão. Se, ao fim de 48 h. de tratamento, a dor não desaparecer ou o estado geral não melhorar, deve voltar a falar com o médico.

IMPORTANTE: Deverá ir imediatamente ao seu posto de saúde ou a um serviço de urgências se observar uma tumefacção dolorosa por detrás do pavilhão auricular que faz com que este se incline para a frente.

TRATAMENTO Existem muitos antibióticos que podem ser utilizados para tratar as infecções do ouvido médio, e o seu pediatra escolherá aquele que lhe pareça mais adequado consoante cada caso. O tratamento deve ser mantido de 8 a 14 dias, já que embora a dor e o desconforto desapareçam após 2 ou 3 doses, a infecção ainda estará presente. Siga sempre o tratamento completo para evitar recaídas ou recorrências.

O Paracetamol ou outros analgésicos proporcionam um alívio temporário para as dores de ouvidos leves, podendo administrá-los ao seu filho (a dor intensa requererá a prescrição médica de analgésicos mais potentes). Também se pode obter um alívio da dor com gotas que contêm anestésicos (muitas vezes associados com anti-inflamatórios e antibióticos). No entanto, estas por si só não curarão a infecção.

De nada serve pôr gotas em ouvidos que estejam a drenar mucosidade e pus depois do tímpano ter rebentado. Mas se tiverem colocado tubos transtimpânicos de ventilação ao seu filho, o médico pode indicar-lhe só gotas otológicas para o tratamento.

CONTÁGIO As otites isoladas não são contagiosas, mas as constipações que muitas vezes as acompanham podem ser transmitidas a outras crianças. Por conseguinte, não deverá levar a criança à escola/infantário durante os primeiros dias da otite. à melhor aguardar até os sintomas da constipação diminuírem, o ouvido não doer, não ter febre e já estar bem. Uma vez que, após uma otite, pode ficar líquido (mucosidade) no interior do ouvido médio durante semanas, é possível que o seu filho apresente uma perda de audição discreta e temporária, apesar da infecção já não existir. Informe a escola para que os professores o deixem sentar-se nas primeiras filas e lhe repitam aquilo que possa não ter conseguido ouvir bem.

PREVENÇÃO A prevenção das otites baseia-se em tentar evitar as constipações repetidas (deixando de levar a criança ao infantário durante algum tempo, por exemplo), em manter uma boa higiene nasal (assoar a criança com frequência, se tiver mucosidade, e fazer-lhe irrigações nasais com soro fisiológico) e em evitar as situações anteriormente mencionadas como prejudiciais (o fumo de tabaco em casa, por exemplo).

Na verdade, não há nada que previna eficazmente as constipações causadas por vírus (nem "defesas", nem "vitaminas" nem qualquer outro remédio caseiro), apesar de podermos, isso sim, evitar que a mucosidade produzida por estes sofra uma sobreinfecção por uma bactéria e se produza uma otite com pus. Para procurar evitar as otites crónicas ou repetidas, o seu pediatra poderá receitar-lhe uma pequena dose diária de antibiótico durante 1-2 meses que ajudará o ouvido a não se contaminar. Isto não prejudica a criança de modo algum e provou ser uma medida muito eficaz em alguns casos. Por outro lado, os anti-histamínicos e mucolíticos são fármacos de eficácia muito discutida: os primeiros deveriam ser usados apenas quando existe a suspeita de uma alergia ou hipersensibilidade das mucosas, que, em todo o caso, um profissional qualificado deverá confirmar ou descartar.

O que é que se pode fazer para prevenir as otites infantis?

Recomenda-se a lavagem nasal com solução salina ou soro fisiológico em todos os casos de obstrução das vias aéreas superiores, já que ajuda a expulsar a mucosidade das fossas nasais e previne a obstrução da Trompa de Eustáquio, que comunica o nariz com o ouvido médio. Em alguns casos com infecções recorrentes, pode também ser eficaz adiar a entrada para o infantário até ao segundo ou terceiro ano de vida. Individualmente, o pediatra deve avaliar a existência de hipertrofia de vegetações adenóides e consultar o especialista em ORL.

O meu filho tem sempre otites e disseram-me que umas gotas de azeite morno aliviam a dor. Faz bem?

Nunca se deve administrar gotas de azeite no interior do ouvido, especialmente se houver supuração, sem indicação médica.

O meu filho esteve internado com mastoidite secundária provocada por uma otite. Como poderei detectar complicações deste tipo no futuro?

A mastoidite é uma complicação infrequente das otites médias. A infecção propaga-se aos tecidos próximos às estruturas do ouvido, neste caso na apófise mastóide do osso temporal, provocando uma osteíte, que deve ser rapidamente tratada para evitar complicações intra cranianas. Geralmente, a zona posterior à orelha fica vermelha, inchada e dói bastante. Também o pavilhão da orelha se torna mais descolado do que o habitual.

Uma colega de trabalho disse-me que, se o ouvido supurou, já não é necessário tratar a otite com antibióticos. Ã verdade?

Habitualmente, quando ocorre uma perfuração do tímpano com supuração no decorrer de uma otite média aguda, a dor de ouvido diminui de forma considerável, mas isso não quer dizer que o processo esteja curado. Recomenda-se o uso de antibióticos na maioria das otites com supuração activa para evitar complicações crónicas.

Se o meu filho tiver muitas otites, pode ir à piscina?

A maioria dos especialistas em ORL não recomendam os banhos em piscinas com cloro se houver otites recorrentes. Alguns permitem a natação com tampões. Nunca deve tomar banho sem protecção, em caso de perfuração do tímpano não curada.

Como é que é possível curar uma otite sem antibiótico se se trata de uma infecção?

A otite média aguda é a infecção do ouvido médio causada por bactérias ou vírus que entram para o espaço aéreo do ouvido médio através da garganta e do nariz. Em caso de infecção provocada por vírus, os antibióticos são ineficazes. Inclusive, se alguma bactéria estiver envolvida na infecção, a acumulação de muco, pus, pode ser removida drenando através da Trompa de Eustáquio para a garganta, com a ajuda de lavagens nasais e anti-inflamatórios.

Posso saber se o meu bebé tem otites apertando-lhe os ouvidos e vendo se chora?

Se a otite for externa, existe sempre dor ao pressionar o trago (que é a parte mais sensível do ouvido externo se o canal auditivo estiver inflamado). No caso da otite média, é mais difícil avaliar este sintoma e convém visualizar o tímpano, que se apresenta inchado e vermelho quando o pediatra o observa com o otoscópio.

Porque é que a minha filha é tão propensa às otites?

Praticamente metade das crianças sofrem de alguma infecção de ouvido durante o primeiro ano de vida. Muitas terão tendência para sofrer recorrências, particularmente aquelas cujos pais ou irmãos tenham tido o mesmo problema durante a infância. As infecções de ouvido são também 4 ou 5 vezes mais frequentes em crianças que frequentam infantários desde muito pequenas, as que têm problemas alérgicos e aquelas cujos pais fumam em casa. Muitas infecções de ouvido são normalmente acompanhadas das constipações de nariz e garganta, ou ocorrem depois, pelo que são mais frequentes durante o Inverno.

à perigoso os ouvidos supurarem?

Por vezes, quando a pressão no interior do ouvido é muito alta, dá-se uma ruptura no tímpano (semelhante à que ocorre com as borbulhas de pus) e o pus, o sangue e a mucosidade saem em direcção ao canal auditivo externo, pelo que verá sair tudo pela orelha. Não deve confundir esta secreção com a secreção de cera, mais espessa e de cor ocre, e que sai apenas sob a forma líquida em raras ocasiões. A ruptura do tímpano e a secreção que se produz não é motivo de preocupação nem de alarme, por mais aparatoso que pareça. Pelo contrário, por vezes isto acelerará a cura do processo e o tímpano fechar-se-á outra vez por si só em 2 ou 3 dias. O médico dir-lhe-á provavelmente para voltar ao consultório dentro de 10-15 dias para verificar se depois do tratamento, a cura foi completa. Actualmente, e com os novos antibióticos de que dispomos, é muito raro as otites recorrentes chegarem a provocar surdez ou problemas graves de audição nas crianças, embora exista um risco mínimo.

Devo dar antibiótico assim que se queixar dos ouvidos? O meu pediatra acaba sempre por receitá-lo.

à melhor nunca se auto medicar. O uso inadequado ou em doses insuficientes dos antibióticos pode conduzir a resistências das bactérias responsáveis pela infecção e dificultar o tratamento da mesma.

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